segunda-feira, setembro 03, 2007

Porque gostei de o ler noutro blog achei que tambem o gostaria de o ler no meu =P


Não perceberei nunca por que usam contra mim uma das minhas palavras favoritas. Não tenho na tristeza uma inimiga, nem sequer um incómodo. Enervam-me muito mais, o fado descarado, a costa da mão levada à fronte, o sofrimento que se esgota na pose. O pessimismo atávico. A angustiante certeza de uma falta de saída. Mas não a tristeza e a sua serenidade, para tantos inexplicável.
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Conheceis, em consciência, poesia que não dance ao som pausado, firme e fundo de uma tristeza? Como explicar-lhes o prazer (sim, prazer) de ler obras que me levem aos soluços, de ver filmes que me afundam na cadeira, a tremer, cheio de vergonha de me levantar de imediato, não vá alguém descobrir que estou lavado em pranto? E não tenhais dúvida: adoro rir. Sou, apesar de todos os sintomas que tendes como evidentes (desconfiai das evidências), um pobre homem normal que não resiste a uma boa piada inteligente, um sacudir de mágoas. Mas sou um homem que gosta de gostar do sol e da lua, da luz magnífica que fere o olhar e da penumbra fresca. E gostar da vida, do pulsar do coração, dos amigos, do tempo que nos escorre entre os dedos, não me retira uma procura de momentos em que necessito - absolutamente necessito - de me deixar abanar. Deixar-me ir. Fazer uma purga. Fungar. Limpar-me. Recomeçar.

Rodrigo Guedes de Carvalho


in http://wonderingchaos.blogspot.com/ ou melhor no blog da catarina