Aconteceu...
E por me teres feito cego
Recordo o sabor
da tua pele
E a calor de uma tela
Que pintámos sem
pensar.
Ninguém perdeu,
E enquanto o ar foi escuro
Despidos de passados
Talvez de lados errados
Conseguiste me encontrar.
Foi dança
Foram
corpos de aço
Entre trastes de guitarras
Que
esqueceram amarras
E se amaram sem mostrar.
Foi
fogo
Que nos encontrou sozinhos
Queimou a noite em
volta
Presos entre chama à solta
Presos feitos para
soltar...
Estava escrito
E o mundo
só quis virar
A página que um dia se fez pesada
E o suor
Que escorria no ar
No calor dos teus
lábios
Inocentes mas sábios...
No segredo do luar.
Não vai acabar
Vamos ser sempre paixão
Vamos ter
sempre o olhar
Ao nível de ninguém
Dei-te mais...!
valeu a pena voar...
Estava escrito
E a noite
veio acordar
A guerra de sentidos travada num céu
Nem por um segundo largo a mão
Da perfeição do teu
desenho
E do teu gesto no meu...
Foi como um sopro
estranho...
...e aconteceu...
És fogo em mim,
És noite em mim.
És fogo em mim.
O Homem é um ser complexo, sentidos captam sensações, sensações com e sem sentido, enganos, desenganos, ansiedades, histerismos, dores…. Ao doer tentamos curar, ou perpetuamos as nossas dores, ficamos presos a feridas dilacerantes, apesar de não as conseguirmos ver, ou lutamos, ou desistimos. Ganhar ou perder, das duas uma, e num mar de razoes, loucuras, vagueamos à procura de respostas.. porque achamos que tudo tem de ter resposta, mesmo quando nem sequer percebemos a pergunta, temos de ter algo sempre palpável a nossa frente, sensações, factos, provas, temos de encontrar a cura para a ferida, por vezes perdemos força. Eu recuso a perder a força venha o que vier, seja como for, vou lutar, vou tornar possível, vou curar, vou percorrer o caminho e quando olhar para trás terá sentido, valerá a pena….será pelo nosso bem…
Magras, gordas, altas, baixas, assim assado, é inevitável, surgem na nossa vida...mal nascemos surgem, um pequeno vislumbre e lá estão elas, para quem tem a mesma sorte que eu, as primeiras são a mãe e o pai, sangue do nosso sangue. Com o passar do tempo e caso haja a tal sorte (ou outra coisa qualquer) apercebemo-nos que haja o que houver, seja qual for o motivo, menos ou mais mesquinho, eles estão lá, claro que nos vão dar palmadas, que nos vão dar aquele sermão, e muitas vezes com razão, mas aquele abraço, aquele sorriso é uma certeza. Outras pessoas surgem, o mundo cresce e nós crescemos a volta dele, e das pessoas, umas trazem alegria, outras tristezas. Os amigos têm de aparecer para os maus e bons momentos…. isso é um amigo, eventualmente a amizade pode acabar, caminhos cruzados com fim distantes, mas não deixam de ser pessoas. Passado algum tempo surgem outros amigos, aqueles com quem queremos partilhar tudo, o bom o mau, a novidade, o desconhecido, torna-se difícil estar ao lado desses amigos pois surge em nós a vontade de fazer algo nunca feito – beijar. A principio é um medo e depois é um alimento, algo que nos deixa feliz, algo que une dois amigos, e torna a amizade em algo mais – o Amor. Amamos alguém que nos dá força, que nos faz perder a paciência que nos dá animo…, que faz bater o coração a um ritmo nunca visto, mas ao final de um tempo passa, por um ou outro motivo, muitas vezes sem nexo… é assim….depois inevitavelmente surgem mais pessoas….sempre assim….algumas vão ficando ao nosso redor, outras perdem-se nas nossas memorias, mas ninguém passa sem deixar “algo”, um sentimento, ninguém é indiferente, são todas diferentes, com virtudes e defeitos próprios. E a nossa pessoa, tu, e eu? Cada um de nós! O que somos? Bem… cada um é a soma dessas pessoas, dos momentos que passámos com elas, dos locais, das experiências, somos incompletos sem essas pessoas, elas dizem-nos quem nós somos, donde viemos, para onde vamos…. Somos seres em crescimento, produto inacabado, e vamos buscar complemento nas pessoas…nas boas nas más, vamos vendo o mundo e as pessoas…
Lá fora está a lua, o asfalto, o ruído da noite, os príncipes, as princesas, sonhos, esperanças, medos, e outros encantos e desencantos, era capaz de me perder lá fora, mas valerá a pena? Posso me perder lá fora, mas talvez perdido já eu esteja cá dentro. Esta vida é irónica, confusa, talvez porque lá fora existem mil e umas coisas, distantes porque estão lá fora. Para mim é assim, posso vê-las, posso sentilas, mas não as posso tocar. Lá fora não sou nada, um entre tantos, sem nome nem forma, limito-me a ser apenas um homem, estou cansado de ser apenas um homem, quero sentir que lá fora é o meu lugar, quero poder soltar este mero homem, quero poder descobrir o meu lugar, afinal quem sou eu? que peça deste puzzle sou? ondeencaixo? Mas enfim, agora não estou lá fora... Estou aqui...assim...
